Kruella - Isolation Dreams
A história repete-se: o acaso dá-nos a narrativa e o conto conta-se por si. Kruella d’Enfer não é estranha a este movimento de palavras — tantas vezes silêncios, tantas vezes imagens — que descompassam a dança do agora. Foi assim, aliás, que partiu para Isolation Dreams: numa cidade em pausa forçada, de porta fechada à Natureza e a tudo o que (lhe) é natural: calaram-se os gestos, travaram-se os passos, emudeceram-se as ruas. Seguiram-se o peso, a confusão, a incerteza — tanto no dia (a dia) como durante a noite, em trilhos mais ou menos subconscientes. Impôs-se a fuga e a vontade de estar mais próxima dessa Natureza, como quem reencontra uma paz reminiscente, reiterada, calculada.
Isolation Dreams é isso mesmo: um encontro com o que nos eleva e se nos sobrepõe — seja fauna, seja flora, seja mais rara ou mais comum. São sítios e seres que nos são sossego, abrigo e resiliência, mostrando que tudo se perde, mas que tudo se transforma, numa história que teima em repetir-se em sobressalto, dia após dia.
Mais do que um encontro, Isolation Dreams é um aviso à memória: um que nos diz que tudo começa e acaba em nós — e na Natureza que nos fez. Lembremo-lo aqui, agora.
“I took a walk in the woods and came out taller than the trees.”
- Henry David Thoreau